Uma linda xícara de café
- Daiane Gasparino

- 18 de abr. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 31 de jul. de 2024
Vez ou outra, a dona Lourdes me lembra que eu era apaixonada por xícaras de café, quando criança. Eu costumava levantar da cama, pegar a xícara mais bonita no armário, arrumar a mesa, pegar o bule com café e o pãozinho fresco com requeijão. Arrumava tudo e quando estava do jeito que eu achava bonito, me esparramava na cadeira e me sentia uma dondoquinha mirim em seu café da manhã.
Cresci, me tornei uma jovem senhora cansada. Me peguei revivendo essa cena pouquíssimas vezes depois que tive a minha própria casa, a minha própria xícara para tomar o meu próprio café... A gente cresce e os pequenos momentos tornam-se tão raros, esquecidos lá no baú no fundo da nossa escassa memória.
Pois bem. Semana passada estava olhando louças bonitas na internet e o super "George" (jeito que a Lourdinha achou mais fácil de falar "Google") me mostrou um jogo de jantar LIN-DO DE VI-VERRRRRR!
"Fofinho, comprei um jogo de jantar novo!"
"E o outro que a gente tem?"
"Vamos usar também! Esse é lindo e eu comprei para usar mesmo, não vai ficar guardado no fundo do armário, não..."
Hoje chegou a minha super encomenda. Pegamos na portaria, mas não cheguei abrindo. Fui cuidar de guardar algumas coisas, mexer com o almoço. E trabalhar. Agora, quase no final da tarde, fiz um café e comecei a abrir as caixas. Peguei a primeira xícara na mão e: "aaaaah, que coisa mais linda, meu Deus do céu!!!!!".
Já mandei foto da xícara para a Lilian chamando para o café. Mandei mensagem para a Monique, que virou minha vizinha, chamando para um café da tarde de dondocas. E aí... Voltei lá na minha infância de novo... Lembrei das minhas férias em Indaiatuba, em que eu, minhas irmãs e uma prima fazíamos a mesmíssima coisa na casa da minha outra avó: arrumávamos a mesa, pegávamos as louças que a dona Divina nem pensava usar, que estavam no fundo do armário. Enquanto uma lavava, a outra secava e ia arrumando a mesa. A outra pegava as coisas na geladeira e no armário. Sentávamos e nos sentíamos as dondocas da vez.
Que delícia relembrar dessas cenas nas casas das minhas avós. E que bom que comprei xícaras novas e bonitas, que me trouxeram essas lembranças tão gostosas. E que saudade daquele tempo em que o tempo passava mais devagar, sem as dores da vida adulta.
P.S. Escrevi esse textinho pensando em duas amigas que sempre me perguntam: "e o seu blog???". Bom, Andressa e Camila, o novo primeiro texto saiu e dedico a vocês... <3





Memória afetiva, olfativa e gustativa. Muito bom mesmo ver isso
Esse texto me faz ver duas coisas: a primeira é o resgate de memórias que nos ajudam a viver nossa vida adulta de forma mais leve, parece que trazer a infância fica cada vez mais poderoso à medida que envelhecemos e nos faz lembrar que viver, por mais amargo e doloroso que seja, ainda é delicioso. Segundo, que a palavra e a persistência têm poder. Perguntava desse blog porque eu sempre tive certeza que daqui só sairia coisas boas, é algo que tem que ficar pro mundo imenso da internetê, como você chama, e sendo descoberto por gerações a frente. Um beijão e não faz a gente esperar 10 anos pro próximo texto haha :)
Veio aí o primeiro texto tão esperado, e que orgulho! Li e me senti de volta a minha infância, com aquela pressa de montar a mesa e viver o momento do café da manhã, que delícia é ser criança. Obrigada por me fazer lembrar desses momentos que com os os acontecimentos da vida adulta passam a ficar mais tempo no fundo do baú. Obrigada pela dedicatória, sou sua fã <3